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Quântico

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As faces da vida são máscaras, duras e suaves máscaras...a minha não tem olhos. Nenhuma arte, nenhuma ciência...só tateio o que é nó na garganta e intuo o que é aperto no peito, sem saber nomear, nem idear o vácuo para cá das máscaras e o todo para além delas. Ou melhor: o vácuo é tudo que existe sem existir, e nisso incluo a mim mesmo...silêncio! silêncio, porque nem sei se existo...
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A vida simples de todos os dias É a de tocar sua pele, não por acaso De beijar seus lábios, não por acaso De olhar nos seus olhos, não por acaso De suavizar seu sono, não por acaso A vida simples de todos os dias É a de trocar um bom dia, não por acaso De lhe falar de alegrias, não por acaso De fazermos amor, não por acaso Na vida simples de todos os dias Incluo o desafio de todas as eras Que é o de amar a mulher que você é No poder inexplicável dos gestos mais banais

CONFISSÃO

Confesso que estou perdido. Confesso que estou confuso. Confesso que estou sem rumo. Confesso que estou sem fé. Confesso que estou farto da superfície de todas as coisas. Confesso que estou farto da superfície de todas as pessoas. Confesso que não consigo confessar como Santo Agostinho. Confesso que toda a genialidade que viram em mim só me serve para uma coisa agora:  ser amoral a ponto de vender o corpo, se tivesse oportunidade. Confesso que isto é um pedido de socorro. Confesso que esta é a oração que eu nunca soube fazer. Confesso que este é o meu pior exercício de física quântica. Confesso que devo muito e não consigo pagar. Confesso que ganho acima da média, mas não consigo me alimentar bem. Confesso que passo 90% do mês sem dinheiro. Confesso que não consigo mais sonhar. Confesso que não consigo mais me amar. Confesso que meu coração está vazio. Confesso que minha alma está vazia. Confesso que meu estômago está vazio. Confesso que minha geladeira está vazi...

AMOR

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É claro que tudo gira em torno do amor. Nossas paixões, negras ou douradas, são versões menores ou degeneradas do amor. Tudo gira em torno do amor. À fala da divindade em seus contornos bíblicos ("Sou o que sou", única forma possível de se definir o absoluto), equivale o lindo e batido lugar-comum "Deus é amor". "Deus é amor" é a maneira de dizermos o indizível. Não explicamos Deus, nem explicamos o amor, mas, quando construímos essa frase circular, sentimos o que temos de sentir, e é o que basta para explicar dentro de nós o universo inteiro. Amar de verdade, portanto, equivale a todo um percurso de religião, filosofia e ciência; amar de verdade significa sentar exausto no topo da montanha de uma longuíssima crise existencial e contemplar finalmente lá do alto a verdade divina do universo inteiro; amar de verdade e ter diante de mim todas as possibilidades de alegrias e dificuldades que isso possa representar me assegura de que a vida valerá a pena até o...

Homem nenhum

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Já não entendo, nunca entendi Os abismos que se abrem em mim, Minhas placas tectônicas indecifráveis, Terremoto e implosões é o que sou. Se matéria orgânica, já não vivo. Se arquitetura, perdi os traços em destroços. Da luz inicial até esta treva É recolher os cacos num labor inútil Reunindo traços que se destroçam, Reunindo forças que se implodem.

PEÇO DESCULPAS

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Há um provérbio que assegura existirem no mundo menos maldades do que mal-entendidos. Estou inclinado a crer que esse provérbio tenha mais eco na vida de tipos introspectivos como eu. Minha instrospecção, devo confessar, tem algo de covardia, de preguiça, de pusilanimidade no confronto com os outros, e a isso se somam meus volteios existenciais, descambando para um ritmo quotidiano que cheira a egocentrismo, egoísmo e maldade, mas apenas cheira...a princípio. É isso. Tenho descoberto que meu pouco ou nenhum empenho em me abrir em face de outrem, efetivamente por preguiça e/ou pusilanimidade, que meu nenhum esforço em ousar espiar, nesse mesmo passo, o coração alheio, em me entregar ao jogo social diário da conquista de intimidades -- tenho descoberto que isso me põe aos olhos do meu próximo umas feições de desdenhosa maldade, e sigo cada vez mais ilha. Vou, então, descobrindo, nos amores perdidos, minhas raras intenções altruísticas interpretadas às avessas, transformadas irremediavel...
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O SwaSthya Yôga? Pois é, há toda uma polêmica. O fato, porém, é que tem mudado minha vida, para melhor. Não estou falando de transcendências. Nada disso. Refiro-me à minha existência neste instante, neste mundo, nesta calçada que percorro com o corpo mais leve, mais saudável, mais energizado pelas técnicas, pelo ashtanga sadhana de cada dia. A coisa toda, enfim, é física, e o resto é consequência. Uma mente mais lúcida, porque um corpo mais limpo, valorizado e agitado por dentro e por fora. SwaSthya Yôga. Os que polemizam não têm tempo para praticar, e nunca entenderão nada, nem colherão o benefício da lucidez perfeita. Lastimo-os, simplesmente, e sigo lúcido, acordado, figura firme e longilínea pelas calçadas do dia-a-dia.