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Suicídio II Estou cansado. A eternidade é bem isto de morrer toda hora. Volto e me repito sem o saber. Somente em átimos de loucura Sei que já cansei e devia deixar de existir.
Suicídio Estava ali, nos arredores da caverna. Não gostei do que vi lá fora. Pareceu-me que o mundo cinza e bidimensional que venho há tanto apreciando carrega uma sensaboria bem mais concorde com meu espírito mesquinho. Sensaboria é a minha virtude. Não quero mais sair. Sensaboria é o que sei existir para mim. Todo o resto, profuso e multidimensional, é um amontoado a que não sei me fundir, a que não posso me entregar.
Estou vivo, mas já morri. Morri naquele jardim da biblioteca Vinte anos atrás Vinte anos atrás é meu percurso Vou encolhendo e retrocedo Para o abismo de onde Nunca saí. Estou morto, mas vivo A preguiça de não cuidar Nem de mim.

Experiência

Lição básica , simples, besta mesmo, que a vida nos impõe tristemente e que muitos de nós insistimos em esquecer: não basta ser bom, é preciso também PARECER  bom.

Letras

Pensei que a leitura de Benjamin, Auerbach, Bakhtin etc fosse me aproximar das letras... Agora me sinto mais longe, tenho saudades, às vezes, das tardes ensolaradas em que, com fome, eu percorria quilômetros para desfrutar numa biblioteca pública dessas letras que hoje me escapam... Perdi o rumo do meu intelecto, perdi o rumo das belezas profundas, dos livros, do conhecimento... Perdi o rumo do Yôga, da auto-descoberta, perdi o rumo de mim...

viver

Nem escrever Nem viver Nem sentir Se eu encontrasse minha mãe agora, Nossas sombras fariam mais sentido.

SOZINHO

Chove tanto e cada pingo Um grito na noite Estou vivo Ou não? Pela janela talvez minha mãe Com notícias de minha inexistência Chove tanto Ela diz vem E eu sinto o imenso Em cada pingo Ai, tanto vazio Ai, tanta morte E morro só Dissolvido no fundo silencioso. Fico tão bem Fico em paz Já não estou só: simplesmente não existo.