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Mostrando postagens de agosto 17, 2008

Aniversário de minha avó

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Hoje minha avó materna completa 88 anos, e eu a fui visitar em sua casa arborizada, paraíso de minha infância. Robusta e lúcida até há pouco tempo, hoje, porém, já não é mais capaz de me iluminar com suas histórias e lições. Visitá-la, contudo, ainda é fascinante: ficar ali ao seu lado em silêncio, aos pés da laranjeira em flor, uma brisa fresca soprando... Ouvi hoje sob as flores da laranjeira o discurso da ausência. Minha vó, perdida em si mesma e inarticulada, Sussurrou a brisa fresca que acariciava suavemente as folhas Do nosso quintal de mil anos. Suas rugas, ah as suas rugas, tartamudearam as mesmas forças Incertas de todas aquelas árvores e seus galhos retorcidos. Seus olhos, não os encontrei mais, Precipitados que estão definitivamente na seiva de sua alma. Sua alma me tocou como sempre o fez, Desta vez no puro silêncio do seu elemento, E agora que a tarde cai fria e me sinto só, Me sinto só porque sei que já não está lá Naquele corpo-tronco milenar A minha vó.