Aniversário de minha avó
Hoje minha avó materna completa 88 anos, e eu a fui visitar em sua casa arborizada, paraíso de minha infância. Robusta e lúcida até há pouco tempo, hoje, porém, já não é mais capaz de me iluminar com suas histórias e lições. Visitá-la, contudo, ainda é fascinante: ficar ali ao seu lado em silêncio, aos pés da laranjeira em flor, uma brisa fresca soprando...
Ouvi hoje sob as flores da laranjeira o discurso da ausência.
Minha vó, perdida em si mesma e inarticulada,
Sussurrou a brisa fresca que acariciava suavemente as folhas
Do nosso quintal de mil anos.
Suas rugas, ah as suas rugas, tartamudearam as mesmas forças
Incertas de todas aquelas árvores e seus galhos retorcidos.
Seus olhos, não os encontrei mais,
Precipitados que estão definitivamente na seiva de sua alma.
Sua alma me tocou como sempre o fez,
Desta vez no puro silêncio do seu elemento,
E agora que a tarde cai fria e me sinto só,
Me sinto só porque sei que já não está lá
Naquele corpo-tronco milenar
Minha vó, perdida em si mesma e inarticulada,
Sussurrou a brisa fresca que acariciava suavemente as folhas
Do nosso quintal de mil anos.
Suas rugas, ah as suas rugas, tartamudearam as mesmas forças
Incertas de todas aquelas árvores e seus galhos retorcidos.
Seus olhos, não os encontrei mais,
Precipitados que estão definitivamente na seiva de sua alma.
Sua alma me tocou como sempre o fez,
Desta vez no puro silêncio do seu elemento,
E agora que a tarde cai fria e me sinto só,
Me sinto só porque sei que já não está lá
Naquele corpo-tronco milenar
A minha vó.

Comentários