AMOR


É claro que tudo gira em torno do amor.
Nossas paixões, negras ou douradas, são versões menores ou degeneradas do amor.
Tudo gira em torno do amor.
À fala da divindade em seus contornos bíblicos ("Sou o que sou", única forma possível
de se definir o absoluto), equivale o lindo e batido lugar-comum "Deus é amor".
"Deus é amor" é a maneira de dizermos o indizível.
Não explicamos Deus, nem explicamos o amor, mas, quando construímos essa frase circular, sentimos o que temos de sentir, e é o que basta para explicar dentro de nós o universo inteiro.
Amar de verdade, portanto, equivale a todo um percurso de religião, filosofia e ciência; amar de verdade significa sentar exausto no topo da montanha de uma longuíssima crise existencial e contemplar finalmente lá do alto a verdade divina do universo inteiro; amar de verdade e ter diante de mim todas as possibilidades de alegrias e dificuldades que isso possa representar me assegura de que a vida valerá a pena até o seu mais tênue fio e me antecipa que no momento do último suspiro terei certeza de haver feito jus ao grande presente da divindade, que é a doação de si mesma na forma de vida e amor.

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