Espelho
O incômodo de ficar sozinho tem a ver com as vozes amplificadas de todos os fracassos.
Não importa o catre precário, não doem as paredes escarninhas.
Atormenta, isso sim, a mais completa ausência de silêncio.
Não há silêncio na solidão.
Há, ininterruptas, vozes obsedantes, que propõem auto-comiseração e soluções definitivas para o irrefutável, para o gritante desvalor de si mesmo, para a irrefutável, para a gritante constatação de que se falhou em quase tudo.
Claro que, dito assim, tudo parece tão grotescamente exagerado, desviante e doentio. É esse o ponto, porém. Vive-se evitando a solidão, justamente para se evitar o grotesco vazio de si mesmo.
Quando se está sozinho, o espelho não é necessário.
Não importa o catre precário, não doem as paredes escarninhas.
Atormenta, isso sim, a mais completa ausência de silêncio.
Não há silêncio na solidão.
Há, ininterruptas, vozes obsedantes, que propõem auto-comiseração e soluções definitivas para o irrefutável, para o gritante desvalor de si mesmo, para a irrefutável, para a gritante constatação de que se falhou em quase tudo.
Claro que, dito assim, tudo parece tão grotescamente exagerado, desviante e doentio. É esse o ponto, porém. Vive-se evitando a solidão, justamente para se evitar o grotesco vazio de si mesmo.
Quando se está sozinho, o espelho não é necessário.
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