Viver
Já faz
uns 5 anos que me exercito diariamente na tarefa de viver de fato sob os
auspícios dessa frase.
Num mundo cheio de papéis a desempenhar, sobretudo
ligados ao dinheiro e suas conquistas, não é simples abstrair esta urgência
introjetada em nós desde sempre, esta urgência de "ser alguém", de se provar
"vencedor" em algo, de se mostrar capaz de mover-se para além de uma
condição(precária) qualquer.
Não me disseram: "Vá ser feliz!" Ao invés, a
premência sempre foi: "Deixe de ser miserável!" "Seja muito bom em algo e
supere, com isso, essa pobreza!"
Somente depois de 50 anos retorno àquela frase
enigmática da velha religião de minha mãe e lhe capto o justo significado: este
mundo incrível em seus tantos descaminhos só faz mesmo sentido quando o vemos
para além das aparências: totalmente alicerçado no bem-estar. Há fluxos infinitos
e inesgotáveis de bem-estar, somente de bem-estar, somente de alegria, e quando
"navegamos" nesses fluxos não há como não ser alegre: "Buscai primeiro o reino
de Deus..."
Tudo o que há de delicioso na Vida é decorrência de nossa capacidade
de ser alegres, não o contrário.
Vivi todos esses anos desempenhando papeis ou
tentando desempenhá-los com a única finalidade de conquistar alguma posição que
me trouxesse dinheiro e depois a alegria.
Só agora é que entendi que devia ter
perseguido somente uma habilidade: a de ser feliz.
Conectar-me a todos esses
fluxos "divinos" de bem-estar, buscar primeiro o reino de Deus, fazer jus à
dádiva única de estar vivo vivendo diariamente todas as pequenas e grandes
oportunidades de ser alegre -- isso é que nos põe em harmonia com o Universo de
que fazemos parte e nos põe em paz real com o que realmente somos no belíssimo
Teatro Cósmico.
Todo o mais é ilusório, tem a ver menos com o Universal e mais
com o jogo bruto da humanidade afastada de seu real papel, perdida em visões
parciais.
Talvez eu ainda passe mais 50 anos na tarefa de compreender e aplicar
a frase que encontrei. Inegável, porém, que já agora rio mais, canto mais,
brilho mais, danço mais sendo simplesmente o que sou, entregue ao poder
deslumbrante de cada dia.

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