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Esta noite sonhei que tinha apenas dois dias de vida. Era uma angústia fortíssima e uma tristeza sufocante, não sei se pela vida ou pela morte. De dia topei com este poema de Drummond: Mas era apenas isso, era isso, mais nada? Era só a batida numa porta fechada? E ninguém respondendo, nenhum gesto de abrir: era, sem fechadura, uma chave perdida? Isso, ou menos que isso, uma noção de porta, o projeto de abri-la sem haver outro lado? O projeto de escuta à procura de som? O responder que oferta o dom de uma recusa? Como viver o mundo em termos de esperança? E que palavra é essa que a vida não alcança?

Consonus

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Luz e fogo da Atlântida, água que me sepultou, cuspiu e inspirou; asas que pungem desordenadas a cada passo...sei de onde vim, quem sou, o que devo fazer e aonde devo chegar, mas quais as efetivas invocações que me manterão? Onde os mestres que me guiam? Olho pela janela e não vejo o mar. O vento chega dum horizonte mesquinho. Há serpentes retendo meus passos. Meu coração está pesado. Foi assim no dia em que mergulhei incandescente, para morrer com meu mundo? Cro-maat.
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DANCING WITH MY LONELINESS AGAIN

Velharia

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É comum que nas preguiçosas limpezas de gavetas eu ache algum texto meu antigo: só lamento e jogo fora. Encontrei, no entanto, um de oito anos atrás que me agradou e se livrou da morte infame: FOTOGRAFIA olfato A tua foto, querida, me ficou: Um passeio no campo entre tantas flores, Um positivo de perfumes impossíveis! tato O teu retrato, eu o retenho entre os dedos Como à textura do pêssego: seda! Mulher firme e sinuosa. audição A tua imagem, mulher, vem-me à cabeça Como os gemidos cálidos da adolescência E os palavrões vazios da infância. paladar Quero engolir-te, sais de prata, Mastigar-te como iguaria achada No baú da vovó, cheio de saudade. ....................... Mas te ver já não quero: Tua realidade acende em mim O gosto sujo da banalidade .
Estou cansado, estou cansado desta ilusão de anjo sem asas. Estou farto deste signo da privação que me persegue, são francisco involuntário. No meu pacote de abnegação, não encontrei o desapego necessário; e, para o desapego necessário em grande escala, não me foi facilitada a posse de amenidades mínimas. Estou cheio desta luta inglória e tão diluída nestas tolices pequeno-burguesas, tão diluída, que num desespero suicídico tendo mais ao desprezo de mim mesmo, mesquinho e preguiçoso. Domine Deus, precor pietatem tuam!

Fome

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Somente minha mãe, caríssima mulher, compreendeu minha fome, conheceu-a a fundo e amiúde a chorou dolorosamente, mas não pôde saciá-la: a natureza nos uniu com a sua dor e o meu remorso. Somente minha mãe compreenderia este desabafo, mas ela se foi e, no lugar onde se encontra, dor, remorso e desabafo são oitavas perdidas no nada.

Escola peripatética

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A Escola peripatética foi um círculo filosófico da Grécia Antiga que basicamente seguia os ensinamentos de Aristóteles, seu fundador. Fundada em c.336 a.C., quando Aristóteles abriu sua primeira escola filosófica no Liceu em Atenas, durou até o século IV. "Peripatético" (em grego, περιπατητικός), é a palavra grega para 'ambulante' ou 'itinerante'. Peripatéticos (ou 'os que passeiam') eram discípulos de Aristóteles, em razão do hábito do filósofo de ensinar ao ar livre, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob os portais cobertos do Liceu, conhecidos como perípatoi, ou sob as árvores que o cercavam. A escola sempre teve uma orientação empírica - em oposição à Academia platônica, muito mais especulativa. Tal característica se acentua quando Teofrasto assume sua direção. O mais famoso membro da Escola peripatética depois de Aristóteles foi Estratão de Lampsaco, que incrementou os elementos naturais da filosofia de Aristóteles e adotou uma forma d...